Sabemos que o cuidar de uma criança é uma tarefa desafiadora, naturalmente. Em cada fase do seu desenvolvimento exige-se do sistema familiar um novo repertório comportamental, arranjos internos e externos, muitas deles inéditos.
Para além do romantismo que envolve as figuras parentais, existem emoções negativas não legitimadas, como vergonha, medo e tristeza. Considera-se adequado, apenas, sentir o que for socialmente ajustado: plenitude, amor e dedicação absoluta.
Na medida em que os afetos negativos não são legitimados, eles são sentidos na solitude e silenciosamente, numa espécie de submundo interno.
É nesse porão onde muitas fantasias fazem morada, tendo a culpa como maior companheira.
Ao se refletir sobre as famílias de crianças com deficiência, percebe-se uma grande hipérbole no fenômeno descrito acima. Desproporcionalmente, não são muitos os trabalhos de natureza psicológica existentes na literatura, que ofereçam uma fundamentação teórica densa sobre os desafios do cuidado numa realidade atípica. Procuro, neste E-Book, apresentar aos membros da equipe algumas características desse processo, que podem ajudar a compreender melhor o funcionamento das famílias atendidas.
Vamos lá?
Com carinho,
Camila Ferrari
Organizadora
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